sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Resenha: A Filha da Minha Melhor Amiga

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Editora: ARX
Autora: Dorothy Koomson
Páginas: 383
Gênero: Drama/Romance
Sinopse:  Kamryn Matika é uma jovem executiva de marketing independente e bem-sucedida, no entanto, sob sua aparente felicidade, ela esconde a dor de ter sido traída. Adele Brannon, mãe da doce Tegan, enfrenta o momento mais trágico de sua vida, o de aceitar a morte e planejar o futuro de sua filha, ao mesmo tempo que convive com a culpa de ter magoado alguém muito especial. No passado, Kamryn e Adele foram inseparáveis, melhores amigas, até que uma atitude leviana de Adele e Nate, o noivo de Kam, foi revelada, causando o rompimento tanto dos noivos, quanto das duas amigas. Alguns anos mais tarde, porém, certas barreiras precisam ser rompidas, em nome do amor e do bem-estar de uma criança, Tegan. Kam perceberá, definitivamente, que Adele reservou a ela o melhor presente que poderia receber.


A primeira coisa que chamou a minha atenção neste livro, é o fato da personagem principal ser negra. Não sei por que, mas poucos livros têm como sua mocinha uma mulher negra, o que, devo dizer, é uma falha dos autores.

O livro é narrado em primeira pessoa, divido entre as personagens Kamryn e Adele – Adele aparece menos, mas mesmo assim é bom citar que ela tem sua própria narrativa.
O livro começa com a narrativa de Adele, ela esta gravemente doente – nas últimas mesmo, - mas extremamente preocupada com sua única filha de cinco anos, Adele resolve pedir ajuda para a sua amiga Kamryn, apesar de elas estarem sem se falar a dois anos.

Kamryn e Adele se conheceram na faculdade e nunca se separaram, Adele tem problemas com a família, órfã de mãe, ela tem que lidar com ódio que o pai dirigiu a ela desde que sua mãe morreu. Ele a culpa por isso e nunca escondeu que não queria ter filhos, Adele entra para a família de Kamryn e descobre o que é uma família de verdade.
Após uma traição, vinda da parte de Adele, as duas não se falaram mais, Kamryn sai de Londres para se afastar de Adele e de seu noivo (ou ex-noivo) Nate. Não vou entrar muito nos detalhes do que aconteceu para não estragar o enredo do livro.

Após dois anos ignorando as cartas que Adele mandava para ela, em seu aniversario de trinta e dois anos, Kamryn abre um dos cartões que receberá e se depara com o pedido desesperado da ex - melhor amiga, que ela vá visitá-la no hospital. Kamryn tenta ignorar mais essa carta, mas não consegue e acaba indo ao hospital visitar a amiga. Lá Adele lhe faz um único pedido, que Kamryn adote – legalmente – sua filha.
Adele morre algumas semanas após essa primeira visita, e Kamryn já havia se decidido a adotar Tegan – filha de Adele.
“(...)— Por que seus olhos estão vermelhos? — perguntou-me. E pensar que me esforcei tanto para eliminar a vermelhidão com água fria.
Afastei-lhe os cabelos para trás com gentileza, expondo sua pele alva e delicada da fronte.
—Estive chorando — respondi.
— Por quê? — Ela virou mais a cabeça para o lado no travesseiro, num gesto inquiridor.
— Estou triste.
— Por quê?
Respirei fundo, senti a emoção oprimindo-me o peito.
— Estou triste por causa da sua mamãe.
— Mamãe? — Tegan sentou-se. — Vamos ver a mamãe hoje?
Sacudi a cabeça.
— Não, docinho.
— Quero ir ver a mamãe.
Meu queixo tremeu enquanto observava a garotinha com cabelos em desalinho e pijama amarrotado que me perguntava com olhos confusos por que eu a impedia de ir ver a mãe.
— Tiga, quando sua mamãe disse que você iria morar comigo, onde lhe falou que estaria?
— No céu com Jesus e os anjos — respondeu Tegan. Com toda a naturalidade. Como se o céu fosse ali na esquina e Jesus e os anjos pudessem ser encontrados reunidos no parque local.
— E explicou por quê?
— Porque estava doente, e Jesus e os anjos iam cuidar dela.
— Lamento, querida, sua mamãe se foi para estar com Jesus e os anjos. Tegan sacudiu a cabeça.
— Não, não se foi. Ela está no hospital.(...)”

Kamryn muda toda a sua vida de mulher solteira que faz o que quer e no tempo que quiser, para cuidar da afilhada. Ela enfrenta muitas dificuldades, principalmente com o preconceito que a cerca por ser uma mulher negra.
(...)       “— Você não sabe?
Olhamos para a origem da voz, e uma mulher com ar de matrona, por volta dos quarenta anos, de corpo arredondado, usando blusa e saia florida nos encarava.
— Desculpe, estava falando comigo? — perguntei.
— Sim. Não sabe qual xampu deve comprar?
E o que você tem com isso?, pensei.
— Hã, nunca comprei desse tipo antes — respondi, tentando me conter para não ser curta e grossa. Virei-me para a funcionária do supermercado, excluindo a intrusa da conversa.
— Por que não perguntou aos seus patrões antes de sair? — continuou a mulher, indiferente ao fato de que eu a excluíra.
Eu a ignorei por um momento e, então, dei-me conta do que ela dissera. Virei-me abruptamente para encará-la.
— Por que eu perguntaria a um diretor de marketing sobre xampu infantil? — indaguei de cenho franzido.
— Os pais dela obviamente sabem que xampu a menina usa.
Oh, ficou subitamente claro: uma mulher negra, com uma menina branca, só podia significar que eu era uma empregada, a babá.”(...)
Esse livro nos mostra o quanto é importante perdoar – de coração – as pessoas, mas o mais importante de tudo, é perdoar enquanto ainda há tempo. Porque um dos maiores arrependimentos de Kamryn é não ter dito à amiga que a perdoava por sua falha.
Um livro bom, com um bom enredo. A narrativa fica, ás vezes, cansativa porque a Kamryn pensa muito, ela filosofa muito sobre a vida dela, o passado e acaba fazendo com que percamos o embalo da cena, ou do capítulo. 





Um comentário:

  1. Amei, amore!

    Sempre quero ler. rs
    Fora que confio plenamente em suas indicações, você não diz que um livro é bom sem que ele realmente seja.

    Amei, Mari!

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